Bruno Brasil, do Mapa, participa de debate sobre a produção alimentar do Brasil frente ao mundo

Bruno Brasil, do Mapa, participa de debate sobre a produção alimentar do Brasil frente ao mundo

23/08/2023

O diretor de Produção Sustentável e Irrigação do Ministério da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento (MAPA), Bruno Brasil, estará presente no Fórum do Agronegócio, no dia 18 de setembro, para debater o tema “Futuro alimentar sustentável: o Brasil e a produção de alimentos frente ao mundo”.

Segundo ele, o Brasil se tornou uma potência agropecuária por ter sido capaz de desenvolver um modelo de produção adaptado à região tropical, baseado na incorporação de tecnologia no campo e uso eficiente dos recursos naturais.

Confira abaixo, na íntegra, a entrevista que ele concedeu à equipe de Comunicação da Sociedade Rural do Paraná.

SRP: Como, na sua visão, eventos como o Fórum do Agronegócio – que unem governo, academia, empresas e especialistas da área –podem contribuir para o desenvolvimento do agronegócio?

BB: Segundo a Embrapa, o principal fator que explica os ganhos de produção e o desenvolvimento do Agro brasileiro ao longo dos últimos 50 anos é a incorporação de tecnologia e inovação no campo. Para que o Agro brasileiro continue seguindo esta trajetória de crescimento, e atenda à demanda global crescente por alimentos, serão necessários novos saltos tecnológicos. A inovação depende da interação virtuosa entre empresas, academia e governo para prosperar. Neste contexto, o Fórum do Agronegócio provê um espaço de diálogo e alinhamento estratégico entre estes atores, fortalecendo o ecossistema de inovação para a agropecuária no país.


SRP: Quais diferenciais tornam o Brasil uma referência mundial no que tange a capacidade de “Produzir e Conservar”?

BB: O Brasil é um dos maiores produtores e exportadores de alimentos, fibras e bioenergia. Além disso, o país preserva 66% do seu território, abrigando a maior floresta tropical do planeta. Só conseguimos construir esta plataforma agroambiental sustentável no país porque criamos legislações e políticas públicas modernas, como o Código Florestal, o Plano ABC+ e o PPCDAm. Este arcabouço regulatório, juntamente com o contínuo desenvolvimento de inovação tecnológicas pela Embrapa, Universidades e empresas, impulsionam o crescimento agropecuário de forma verticalizada, ou seja, por meio de ganhos de produtividade e eficiência. O melhor exemplo disso é a capacidade do Agro brasileiro de produzir 2 ou até 3 safras no ano, utilizando a mesma fração do território. Os ganhos de produtividade advindos deste sistema, além de criarem uma agricultura extremamente competitiva internacionalmente, geraram significativo efeito poupa-terra, o qual reduz a pressão pela abertura de novas áreas.

 
SRP: O que torna o país hoje uma potência na produção de alimentos? Quais seus desafios para manter o crescimento de produção, diante das demandas crescentes por alimentos no mundo?

BB: O Brasil se tornou uma potência agropecuária por ter sido capaz de desenvolver um modelo de produção adaptado à região tropical, baseado na incorporação de tecnologia no campo e uso eficiente dos recursos naturais. Este modelo permite a produção em quantidade, com qualidade e regularidade, além de custos competitivos. Segundo a FAO, até 2050, a demanda global por alimentos crescerá 60% puxada pelo crescimento demográfico e ascensão de parte significativa da população à classe média, principalmente na Ásia e África. Embora o Brasil e o mundo venham aumentando sua produção de alimentos continuamente desde a década de 1960, o cenário de enfrentamento das mudanças climáticas no século XXI se impõem como principal desafio. Deste modo, a agropecuária brasileira deverá se tornar cada vez mais resiliente a eventos climáticos extremos, como secas e estiagens, ao mesmo tempo em que precisará mitigar as emissões de gases de efeito estufa advindas do setor. Ademais, restrições comerciais baseadas em critérios de sustentabilidade ambiental, como a Lei anti-desmatamento da União Europeia (EUDR), tendem a se tornar desafios cada vez mais presentes na pauta das exportações agrícolas brasileiras. 


SRP: Quais os caminhos possíveis para garantir segurança alimentar e nutrição, ao mesmo tempo em que se conserva, protege, e fortalece os recursos naturais?

BB: O caminho para a continuidade do crescimento da agropecuária brasileira no século XXI é a Agricultura de Baixo Carbono. Neste sentido, desde 2010, o Brasil implementa uma política setorial para adaptação às mudanças climáticas e mitigação de emissões de gases de efeito estufa na agropecuária, atualmente denominada Plano ABC+. O Plano ABC+ integra aumento de produtividade e de renda para o produtor com o enfrentamento das mudanças climáticas. É estratégia fundamental para reduzir os impactos das mudanças do clima sobre a produção nacional, além de viabilizar a continuidade do crescimento do agro brasileiro e do acesso a mercados externos em um cenário de restrições ambientais crescentes no século XXI.

De 2010 a 2020, o Plano ABC possibilitou a adoção de tecnologias de baixo carbono em mais de 54 milhões de hectares, mitigando o equivalente a 193,6 milhões de toneladas de CO2eq. Para os sistemas integrados lavoura-pecuária-floresta, por exemplo, houve uma expansão de 10,76 milhões de hectares, enquanto outros 26,8 milhões de hectares de pastagens degradadas foram recuperados. As tecnologias de baixo carbono foram implementadas com sucesso em todas as 27 unidades federativas do Brasil e também em seus seis biomas. Para a segunda fase da política, denominada Plano ABC+, a meta é ampliar a adoção das tecnologias de baixo carbono em 72,6 milhões de hectares adicionais, levando à mitigação de 1 giga tonelada de CO2eq de 2021 a 2030.